Intertextualidade: noções básicas
Sheila Mara Almeida[1]
Eu sou eu, mas também, para quem interessar possa, sou Rimbaud e Melville, Camões e Victor Hugo, Hawthorne e Baudelaire, Stendhal e Stevenson. Como disse Goethe, nós somos seres coletivos. Assim, não tenho vergonha de invocar o meu universo de leitor, mesmo porque foi ele que fez de mim um poeta e um escritor.
(Lêdo Ivo)
O texto da escritora Nancy Maria Mendes acima citado trata-se de um relato claro de como a intertextualidade está presente em toda a produção artística. De acordo com a autora a identidade um indivíduo vai-se delineando graças à interferência mais ou menos acentuada de varias outras pessoas, seja esta participação direta ou indireta.
Ao relacionarmos com outras pessoas transmitimos e recebemos conhecimento. Sendo assim o nosso “eu” esta contido vários outros “eus”. A partir dessas reflexões, há de se concluir que o discurso emitido por cada um de nós, apesar de certos traços particulares contém falas, concepções e posturas de outros.
Sendo assim se o nosso discurso é heterogêneo não se pode esperar que haja textos absolutamente originais, isolados de outros textos ou do contexto sócio- político-cultural, no qual ele foi criado. Toda esta teia recebeu o nome de intertextualidade peça primeira vez por Júlia Kristeva uma crítica da literatura francesa do século 60. A idéia de texto como mosaico de citações é familiar no campo acadêmico apesar existir desde os primórdios a intertextualidade só veio a ser compreendida e estudada tempos depois.
Com os estudos foi possível descobrir e decifrar as várias facetas da manifestação intertextual que pode variar de: epigrafe e citações[2], alusão[3], reminiscência[4], paráfrase e parodia[5] até versões ou traduções[6].Contudo com tantas modalidades intertextualidade fica difícil para o leitor de pouca bagagem cultural identificá-las. Para a escritora toda produção artística é um constante retomada a outros textos.
[1] Bacharelada em Letras Português/Inglês peça universidade Presidente Antônio Carlos- UNIPAC CAMPUS- Ipatinga-mg
[2] O texto anterior é delimitado, é claramente indicado pelo autor do novo texto.
[3] Pode ser mais evidente, próxima a citação ou mais vaga, menos explícita.
[4] É menos evidente. Consiste num traço de estilo, na repetição do ritmo, de uma expressão ou situação do primeiro texto, provavelmente inconsciente por parte do autor.
[5] Consistem numa retomada do texto anterior; a primeira reproduz o sentido com outras palavras, já a segunda reproduz o sentido invertido, numa atitude irônica.
[6] É a retomada que se tem de determinados textos pela transposição para outra época e contexto sócio-cultural.
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